quarta-feira, 12 de maio de 2010

Técnicos de futebol, dentistas e outras profissões.




Ontem saiu a convocação da seleção Brasileira para a Copa do Mundo. Dava até nervoso ver o técnico Dunga sendo sabatinado pela imprensa justificando porque não convocou este ou aquele jogador. Na internet há questionamentos nos twitters, orkuts, blogs e etc. Hoje pela manhã ao vir para o consultório, parei para comprar um material de limpeza e mais uma vez vi os questionamentos. A atendente reclamava da lista, provavelmente por não ter o jogador de seu time, com o rapaz que estava com o jornal aberto nas mãos com a foto dos caras.

No Brasil há milhões de técnicos de futebol. Todos têm a seleção ideal, a tática correta e o discurso perfeito para defender suas idéias e no final, vira uma bagunça só.

Faço o mesmo paralelo para outras profissões:

Quantos não são pedreiros, quando palpitam no serviço do pobre coitado e nunca pegaram numa pá?

Um conhecido teve a cozinha de sua mãe reformada por um pedreiro de confiança. Ao meu ver ficou bom o serviço, até porque, antes a cozinha dela estava terrível, mas ele ao me mostrar, encheu de defeitos o trabalho. Ele estava lá o tempo todo durante a obra, por que não conversou com pedreiro antes para esclarecer as dúvidas?

Palpitamos em diagnósticos médicos, trocamos os remédios por nossa conta, mudamos ou interrompemos o tratamento na hora em que achamos que é ideal e que se dane o resto. Justificativa: “os médicos de hoje em dia não sabem nada!”, “minha tia estava igual a você, toma esse remédio que melhora”.

Todo mundo é melhor motorista que o outro. Dizem que um bom motorista não confia em outro.

E eu, pobre dentista, também tenho a concorrência com vários “colegas”. Quantas vezes, quando fazia dentaduras ( não faço mais e espero não fazer jamais), o paciente ia embora todo feliz e ao chegar em casa era bombardeado de palpiteiros que diziam coisas tipo: “ os dentes estão grandes demais”, “tá pra fora”, “ tá rindo igual cavalo”, “ que gengivão”. E na consulta seguinte, ou até no mesmo dia o paciente m procurava cheio de queixas por um serviço que ele acompanhou a confecção, deu sua opinião, saiu satisfeito, mas os “dentistas de meia pataca” palpitaram em derrubaram sua auto- estima.

Se eu fosse relatar as várias vezes e como aconteceram estas coisas dariam vários textos ou um livro, mas é só uma amostra de como nossa cultura está infestada de sabichões que querem entender de tudo um pouco sem sequer estudar, sentir as dificuldades da profissão e se acham no direito de manifestar sua opinião e no final se gabarem chamando o treinador de futebol de burro, o médico de incompetente, o pedreiro de “meia colher”, o motorista de “barbeiro” e o dentista de “açougueiro”.

Tomara que a seleção arrebente na Copa e que o Dunga esteja certo na sua convocação.

Obs: ótima notícia. Prenderam o maníaco que atacava as dentistas. Parabéns Polícia Militar de Minas Gerais.



Abs.

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