quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mais uma droga no ar.

Novelas também são assunto de consultório. Elas não são debatidas apenas em salão de beleza ou mesa de bar, são comentadas em salas de esperas de consultórios e por dentistas. Não tenho o hábito de assisti-las, exceto a reprise de Dona Beja no SBT que acompanhei e sua sucessora Vende-se um véu de noiva. No geral, passo o olho e leio algumas capas de revistas ou resumos em jornais para ter mais um motivo de conversa com meus pacientes noveleiros.
Mas o que me chama a atenção é a seguinte tática da Rede Globo:
Hoje está passando o penúltimo capítulo de Viver a Vida, mais uma encheção de saco escrita pelo "maneco" e na segunda estréia Passione, onde todos os brasileiros que fazem papel de italiano, falam em Português na Itália, estranho, não?! assim como os indianos da novela anterior falavam em potuguês na índia.
Um pensador disse que a "Religião é o ópio da humanidade" eu digo que a novela é o ópio do brasileiro. por que?
veja bem:
Nos últimos anos, as novelas globais mostram culturas de outros países. A tática da globo é iniciar os primeiros capítulos com belíssimas imagens de fora do Brasil para prender a atenção e, quando a audiência está garantida, ela fica apenas no núcleo Rio-São Paulo.
As tramas apresentam o que o povo gosta: traição, mulher pelada, temas polêmicos, a vida dos ricos e vingança.
Com esta mistura, ela vai "cozinhando o galo" até o final, quando anuncia o início de outra dose de novela...
Porque comparo as novelas com drogas:
1- no início tudo é muito bonito ( a fotografia dos lugares maravilhosos, lembra o prazer inicial que a droga produz.)
2-dependência ( tem gente que não vive ou sai de casa sem assitir a trama.)
3-falta de diálogo ( o dependente vive para o vício e se fecha no seu mundinho, a não ser quando vai comentar o capítulo do dia anterior).
4-fantasia ( o noveleiro, assim como o viciado em droga corre o risco de viver uma vida que não é sua).
5- "mais, eu quero mais" ( quando acaba a droga, fica louco querendo experimentar mais).

A Rede Globo é o traficante-mor, pois oferece suas drogas em vários horários a partir das 2 da tarde até as 10 da noite. tem pra todos os gostos: quem já provou uma vez e tinha saudade de ver como era, vale a pena ver de novo. Depois tem produto para a rapaziada mais nova que gosta da malhação. depois tem as doses das 18,19 e 21horas. E quando acabam, ela manda mais e mais.
Pobre povo Brasileiro noveleiro. Escravos de um aperelho de TV que mostra ilusões com hora marcada. Durante esses momentos, o diálogo familiar desaparece, juntamente com a oportunidade de nutrir a mente com algo melhor como alguns filmes ou livros.
Pobre noveleiro que se alimenta de futilidades durante meses e na oportunidade de sair do vício que poderia terminar no último capítulo da novela, se deixa amarrar pala próxima dose de outra droga que será oferecida na segunda- feira.


abs.

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