segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Uma cadeira, várias histórias!

É impressionante como as cadeiras de dentistas se tornam verdadeiros divãs. É só nosso paciente ter um pouco de intimidade com o profissional e se sentir “em casa”, que abre sua vida no consultório.

Lógico que por questões éticas e de bom senso, não espalho o que ouço nem palpito nos problemas e questionamentos das várias situações da vida de cada paciente meu. Cada um com seus problemas , como já diz o ditado: “ se conselho fosse bom, não se dava, se vendia”.

Mas o que importa é conversar. Uma boa conversa dissipa a tensão inicial a um procedimento e faz o paciente se sentir bem acolhido. Como tenho clientes antigos e muitos de uma mesma família, não é raro eu saber detalhes da vida de cada membro, mas repito, NÃO ESPALHO NADA POR AÍ.

Creio que isso se deva à vontade de desabafar, isso mesmo, botar para fora nossas ansiedades, problemas que afligem nossa alma lá no fundo e que naquele momento entre uma pausa e outra ou na espera para a anestesia fazer efeito, os desabafos e problemas pessoais são colocados para fora, no “colo” e nos ouvidos do dentista.

Já fiz terapia, mas não me deitei em divã. A coisa transcorria assentado à mesa, cara a cara com a psicóloga, que fumava enquanto me ouvia e depois de uma tragada longa e prazerosa ( para ela, é claro), me orientava ou dava dicas de como eu deveria viver no meu caos. O consultório odontológico cada vez mais se torna aconchegante para uma “terapia”. Cadeirinha boa, musiquinha ambiente, óculos para cortar a luz do refletor, ar condicionado e um dentista que trabalha sozinho, louco para ter alguém para bater um papo. Sim, meus leitores, dentista gosta de bater um papo. Afinal, ficamos o dia todo sozinhos num cubículo entre aparelhos e barulhos de caneta de alta rotação e compressor. Às vezes um bate papo com a secretária.

Às vezes penso que dentista deveria ter formação de psicólogo, pois, já aconteceu comigo, de o paciente assentar, a secretária colocar o babador e o camarada falar,falar, falar, falar, falar.....até a hora da consulta acabar. E eu não fiz nada no sujeito. Rendeu para ele,mas para mim nada. Se eu fosse psicólogo também, eu ganharia por tê-lo ouvido.


abs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário